quarta-feira, 7 de outubro de 2009

GOLPE EM HONDURAS: ALERTA NA AMÉRICA LATINA

Jorge Vieira

A maioria da população brasileira é bombardeada pela mídia, em especial a Rede Globo, sobre o golpe ocorrido em Honduras. Cotidianamente, os telejornais da TV Globo veiculam informações sobre a situação política do país, principalmente através dos comentários picantes de Miriam Leitão e Alexandre Garcia, com afirmações ambíguas e provocativas sobre o presidente deposto, Manuel Zelaya, o golpista, Roberto Micheletti e a posição do Brasil no conflito.

Os comentários passaram da atitude de insinuação à militante de uma causa. Inicialmente, trataram a turma que destituiu o presidente eleito democraticamente de golpista. A própria Miriam Leitão afirma: “golpista, é golpista! Mas, o Manuel Zelaya errou ao querer descumprir a Constituição que não permite a reeleição”. Caso existisse o erro, não justificaria em hipótese alguma o golpe de Estado – poderia ser discutido e encaminhado de forma democrática. Entretanto, a questão aponta subliminarmente para a justificativa do golpe.

Posteriormente, durante os dias que se seguiram a ocupação de Zelaya da Embaixada brasileira, os comentários tornaram-se mais explícitos na defesa dos golpistas. O seu representante ocupante do executivo passou a ser chamado de “presidente interino” e, pasmem!, o presidente Zelaya de perturbador da ordem política e do processo eleitoral!!!

Infelizmente, mesmo depois do fim do regime ditatorial militar no Brasil, onde se imaginava que também a Rede Globo teria se adequado à realidade democrática, observa-se um canal de televisão, submetida à concessão pública, entra em defesa de golpistas de plantão representantes do capital internacional e estadunidense.

O sinal de alerta na região está acesso desde que Hugo Chaves foi eleito na Venezuela defendendo uma política contrária a esses interesses. A maior rede de televisão desse país apoiou o golpe, incentivando a derrubada do presidente. Foram eleitos sucessivos presidentes com direcionamento parecido, como é o caso do Brasil, Chile, Argentina, Bolívia, Equador, Uruguai, Nicarágua, El Salvador e, recentemente, o Paraguai, restando praticamente o governo da Colômbia aliado dos Estados Unidos.

A experiência das elites golpistas e subservientes aos interesses europeus e estadunidenses na América Latina é histórica. Mas, atualmente, a população já se sentia aliviada dos golpes militares das décadas de 60 e de 70! Com esse golpe, os países da América latina, devem ficar de alerta diante da ofensiva conservadora e direitista.

Nessa conjuntura, o Brasil está cumprindo um papel histórico em repudiar os golpistas e apoiar o retorno imediato ao poder o presidente deposto de Honduras, Zelaya, inclusive acolhendo-o em sua Embaixada.

*Jornalista diplomado pela UFAL.

Um comentário:

LEON PLATA disse...

Es un hecho; los grandes medios de comunicación privados han sido cómplices del golpe de Estado en Honduras. Las corporaciones transnacionales de la comunicación se han volcado en intentos retóricos y mediáticos por justificar ese atentado ominoso.

Gracias por narrarnos lo que sucede en tu país.

Un abrazo.